Estava sintonizada na CNN em New York - era uma reportagem-talk-show sobre a matança na escola em Newtown. Nestes dias, o tema mais debatido por lá é a restrição da produção e venda de armas, de forma generalizada. O jornalista Piers Morgan entrevistou um cidadão (talvez seja um político) que era contra esse liberação desenfreada, que tem causado tantas vítimas.
Depois ele entrevistou o "presidente" do Clube de Armas dos EUA - o cara tinha bons argumentos, mas o repórter foi muito mais eficiente - encostou o sujeito na parede, com perguntas incisivas, do seguinte tipo: -"quais são os seus sentimentos sobre tanta dor, tanta morte? não se sente mal por defender assim, com tanto apego, a venda livre e irrestrita de armas a qualquer cidadão?" Evidentemente o cara sentado no outro lado da mesa era competente - sabia se livrar da saia justa, na maior parte das vezes. Mas a sensação final que ficou, dava a idéia de que os familiares das vítimas de chacinas, como as que acontecem repetidamente por lá, estavam elas mesmas ali, responsabilizando a indústria e comercio de armas dos EUA, cara a cara, olho no olho, pelo sofrimento pelo qual estavam passando! E foi muito bom - valeu por uma catarse! Posso ver os rostos dessas pessoas, assistindo o tal programa, e dizendo: -" é isso aí! pergunta mais!"
Já sabemos que o Clube dos Fabricantes de Armas (de lá) não está a fim de perder a parada - estão pedindo a extradição do tal jornalista, porque ele foi agressivo, politicamente incorreto! Talvez até consigam fazer isso!
Já sabemos que o Clube dos Fabricantes de Armas (de lá) não está a fim de perder a parada - estão pedindo a extradição do tal jornalista, porque ele foi agressivo, politicamente incorreto! Talvez até consigam fazer isso!
É inevitável a comparação com os jornalistas daqui de nossa terra. Há vários deles que estão muito bem na foto - sabem também encurralar um cara assim. Mas, no geral, quando eles partem para entrevistar um político ou um milionário desonesto, falta ousadia, falta a coragem (ou a permissão de seus empregadores) para fazer as perguntas que o povo faria, se pudesse! É tanto vernáculo políticamente correto, tantas meias palavras, tantas não respostas permitidas, que a gente desanima e troca de canal. A Mídia tem acesso a todos os cidadãos, poderosos ou não - portanto, se quiser, pode falar em nome do povo - sem meias palavras. Isto não significa o direito de partir para a grosseria, palavras chulas, etc. Dá para confrontar essa turma com elegância sem covardia! Sei que os jornalistas daqui não estão dispostos a copiar estilos de trabalho de outros.
Não os censuro por isso. Mas, de fato, gostaria muito de ter um Piers Morgan brasileiro!
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