terça-feira, 10 de setembro de 2013

TIRE ESSE POVÃO DAQUI!

Nos séculos passados, quando os Nobres e sua Corte precisavam se aproximar do populacho, adotavam algumas providências para garantir sua própria segurança: - andavam em carruagens, protegidas por cavalarias e se escondiam atrás de muros altos.
É que temiam as manifestações do povo insatisfeito, cansado do  tratamento desigual que recebiam de seus soberanos, e costumava ir às ruas para exigir uma mudança radical. 
Ocorre que, nessas aglomerações de rua, quando os indivíduos se unem em massa, ninguém controla o desenrolar das ações: - o movimento pode tomar qualquer direção, e infunde pavor.
Num certo País, que tecnicamente não tem "nobreza", a mesma situação está acontecendo: 
- o povo, cansado de tantas injustiças, da corrupção e dos desmandos, descobriu que podia ir às ruas para protestar, e se tornou uma grande "ameaça" à integridade física dos "nobres soberanos".
Por isso, numa ocasião recente, de grande Comemoração Nacional, onde era necessária a presença da "Corte", foi preciso isolar as avenidas, esconder-se atrás de motos possantes e barreiras intransponíveis... A programação idealizada pelos cortesãos, foi cumprida integralmente, a tempo e hora: - a carruagem passou, as bandas tocaram, os soldados valorosos desfilaram, mas o povão nem chegou perto... A mesma estratégia foi estendida às Províncias, para que todos os soberanos de grau menor, também estivessem "protegidos" do clamor dos cidadãos comuns.  
A fúria popular é fácil de entender: - há muitas perdas e sofrimento recalcados, contidos por promessas de mudança para melhor, mas nunca aliviados - um dia extravasam, e seu rumo é imprevisível. Ter medo de uma multidão enfurecida é natural.  
Mas entender como esse tal País chegou a este ponto, é missão quase impossível.
Os nobres atuais, eram plebeus, há bem pouco tempo: - faziam parte do populacho, habitavam junto ao populacho, gostavam do que o populacho gosta. Também estavam insatisfeitos: - queriam mudanças, exigiam melhor distribuição da renda nacional, justiça social, oportunidades iguais para todos os cidadãos. Fizeram inúmeras manifestações de protesto, para derrubar a elite dominante. De tanto insistir, um dia conseguiram tomar as rédeas e o domínio: - afinal eles tinham o Poder.
O curioso é que uma vez alçados à condição de "soberanos", tiraram a máscara: - mudaram os gostos, o pensamento e opiniões, até as amizades. Edificaram palácios, trocaram as velhas carruagens por carrões de luxo, mudaram o próprio visual, e construíram uma cidade-ilha, bem protegida, para que pudessem viver bem longe do povo, do qual só queriam o dinheiro (impostos), para garantir sua vida boa. 
Confirmando o que muita gente já sabia, essas medidas "protetivas" revelaram seu antigo sonho de grandeza: - quando eram povo, criticavam a elite, com sua pompa e circunstância, simplesmente porque era inatingível para eles. Tão logo conquistaram o direito de se assentar no trono, deram as costas aos seus iguais e adotaram a postura dos que "podem mandar": - distanciamento dos pobres, oprimidos, e até antigos companheiros, mesmo que sejam a maioria da população. 
O fato é desalentador, mas previsível - o Poder corrompe e revela a motivação secreta de todos os "populistas": - sonham ser reis - mesmo que seu "discurso" pareça defender a causa do povo. 
Será que Freud conseguiria explicar???? Qualquer semelhança...


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