quinta-feira, 31 de outubro de 2013

CHEGA DE "EU NÃO SABIA DE NADA"!

Aconteceu de novo: - mais um grande escândalo de corrupção na Prefeitura de São Paulo - técnicamente, a região mais culta, mais rica e com maior acesso à tecnologia no Brasil. 
Pois nessa região de tão alto índice de desenvolvimento, domicílio de alguns dos mais privilegiados economistas e técnicos em finanças do País, os fiscais da Secretaria de Finanças da Prefeitura de São Paulo cobraram propina para liberar Empreendimentos imobiliários na cidade. 
O rombo pode chegar a 500 milhões de reais e aconteceu na gestão do ex-Prefeito Gilberto Kassab, entre os anos de 2007 e 2012.  Consta que há pelo menos 4 pessoas responsabilizadas oficialmente, embora a extensão do prejuízo ainda não seja totalmente conhecida dos Auditores. 
Neste caso, há dois aspectos muito importantes para refletir, tendo vista as eleições do próximo ano.
Em primeiro lugar, por quê os Auditores e Contabilistas do Tribunal de Contas não conseguem fazer esse tipo de investigação num tempo mais próximo ao evento? Via de regra, as denuncias são feitas muitos anos depois do fato acontecido. Em geral, grande parte do dinheiro desviado já foi gasto, pulverizado, escondido, de forma a não deixar pistas e dificultar a recuperação. 
Será o caso de haver pouca mão de obra "qualificada" nos Tribunais de Contas, ou quem trabalha lá não cumpre as 40 horas semanais, como fazem todos os trabalhadores comuns?
Pelo que se sabe, esses profissionais têm à sua disposição os melhores recursos e informações para detectar irregularidades fiscais - esse é o trabalho deles.  
Também pode ser o caso de haver grande pressão para ocultar esse tipo de relatório: - assim que sentem o cheiro da denúncia, os corruptos entram em campo com ameaças, chantagens e outras ações semelhantes. Sabe-se que ser Auditor honesto não é tarefa isenta de riscos... 
Além disso, que história é essa do Kassab (Prefeito à época), dizer que não sabia de nada? 
Ele foi muito bem pago para "saber", isto é, ter conhecimento de todas as ocorrências na Prefeitura que estava sob sua responsabilidade. Naquela eleição que o elegeu, ninguém votou em Secretários, assessores, "asponis", etc. Ele recebeu os votos da maioria dos eleitores - tinha que fazer jus à confiança nele depositada.  Em sua tentativa de justificar-se, ele alega que os acusados eram funcionários de carreira, e que concedeu a cada Secretário a liberdade de escolher sua equipe de trabalho, sem interferências.  
Essa conversa é mais uma demonstração de irresponsabilidade e falta de decência, moral e ética. Nenhum administrador público tem o direito de fechar os olhos aos atos de seus subordinados, em nenhum País do mundo. É preciso desconfiar, vigiar e conferir. 
Como é possível um político chegar à Prefeitura da maior cidade da América do Sul, e não saber que a corrupção é prática comum no serviço público?  Se ele, como seu professor Lula, não "sabiam de nada" do que acontecia em sua administração, é exatamente porque ambos não tinham competência para exercer um cargo público de tanta relevância. 
Os dois foram alçados a um cargo de grande prestígio, com equivalente grau de responsabilidade e provaram não estar à altura da função. Se o fato tivesse ocorrido numa Empresa Privada, tendo a função maior no Executivo, ambos teriam sido responsabilizados criminalmente, e condenados a ressarcir o valor desviado. 
Lamentavelmente para os cidadãos de São Paulo, agora que o dinheiro já foi roubado, mesmo que as ações penais sejam duras, o prejuízo nunca será totalmente recuperado. Tantas são as demandas e necessidades da população, que qualquer desvio, seja qual for o montante, pode significar perdas irreparáveis: - investimentos que não foram feitos, obras necessárias para as quais "não havia verba"... 
Os acordos e conchavos para as próximas eleições já estão fechados - nos mais altos níveis - e a troca das cadeiras vai começar. O Brasil é uma terra de grande potencial - mas de muitas desigualdades sociais. Por isto, não só a Prefeitura de São Paulo, como todas as cidades pequenas e médias do País precisam de administradores competentes para gerir, com eficiência, os interesses de todos os cidadãos; e que se responsabilizem por "todos" os atos de sua Administração.
A meu ver, não dá para reeleger ninguém - precisamos de "vassouras novas". 
Mas os eleitos devem ter comprovada capacitação técnica para administrar o patrimônio do povo, sejam políticos profissionais ou não.
E, definitivamente, ninguém aguenta mais essa conversa de que "eu não sabia de nada", não é?

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