terça-feira, 8 de outubro de 2013

APRENDENDO COM PORTUGAL

O Governo de Portugal, comandado pelos "donos do dinheiro" na Europa quase falida, determinou que os Bancos que financiam a casa própria, façam uma revisão (para baixo) do valor dos imóveis que eles haviam financiado e que foram retomados, porque os compradores ficaram inadimplentes. Ocorre que os imóveis retomados, agora colocados à venda pelos bancos "proprietários", estão cotados a preços irreais, que ninguém pode pagar. É que os Bancos fizeram uma supervalorização desses imóveis, a fim de recuperar o capital e o lucro.
Como se sabe, a vida por lá está difícil, há muito desemprego e mesmo quem tem emprego, recebe salários muito baixos. Ninguém tem condições de adquirir a casa própria e os imóveis dos Bancos estão encalhados. Resultou que os Bancos têm uma fortuna de bilhões de euros em seu balanço, mas tudo não passa de números, um castelo de cartas. Os especialistas revelam que o percentual dessa supervalorização pode chegar a 60% do valor desses imóveis, e que precisa ser corrigido.
O Governo Português, não pode permitir que os Bancos fiquem insolventes, pois a Economia Portuguesa escorregaria novamente para o fundo do poço. 
Apesar dessa lição de economia que acontece diante dos olhos de todos, nossos Governantes aqui no Brasil estão repetindo os mesmos erros que os portugueses cometeram por muitos anos:
- há poucas semanas, o Governo Federal elevou o teto para financiamento de imóveis com a utilização de recursos do FGTS em alguns Estados ricos da Federação: - passou de 500 mil para 750 mil reais. Justificam dizendo que o valor dos imóveis em São Paulo, Rio e outros dois Estados "subiu" muito, e a classe média já não podia comprar a sua casa própria.
No Brasil, como em Portugal, o senso comum revela que um apartamento de 2 quartos, não pode custar 1,5 a 2 milhões de reais, mesmo que seja no Rio ou em São Paulo.
Ninguém precisa de uma calculadora financeira, para saber que o comprador terá que garantir um salário alto e "permanente" por toda a vida, para que consiga pagar em dia as prestações de sua "casa própria", e talvez quitá-la, quando já estiver aposentado. Caso aconteça um evento desagradável como desemprego ou doença na família, ele já não conseguirá honrar seus compromissos e a primeira conta a deixar de ser paga é a prestação do imóvel. A consequência natural será perder o apartamento para o Banco financiador, que vai colocá-lo à venda por um preço ainda mais alto, alimentando uma espiral perigosa.  
A pergunta importante é: - quem está lucrando com toda essa engenharia financeira?
Quem se beneficia dessa escalada sem fim do preço dos imóveis, aqui no Brasil? Quem dita as regras do Jogo Imobiliário - não daquele joguinho que as crianças costumavam apreciar?
Quem são os novos ou velhos milionários, que usam recursos públicos para construir essas selvas de pedra, e fogem para os paraísos fiscais, assim que a situação deixa de favorecê-los?
Os Bancos Brasileiros (oficiais ou não) estão oferecendo créditos, cada vez mais elevados e os compradores anestesiados, à visão da casa própria, aceitam as regras desse jogo desigual, comprometem toda a sua vida e de seus familiares, e assinam o contrato de endividamento perpétuo. 
Quanto a nós, cidadãos brasileiros que sempre pagamos qualquer conta que resulte dos erros dos nossos Governantes, não podemos esperar mudanças no modelo atual: - todas as administrações dos últimos tempos, gostam das coisas como estão - eles já foram incorporados ao Jogo. 
Se a Cena Política nos desse opção de mudança para as eleições de 2014, talvez a situação pudesse ser corrigida, mesmo que a longo prazo. Mas parece que não existem boas opções na Política.
Então, essa mudança necessária só irá acontecer se os experts em economia, os homens sábios das finanças (não banqueiros!) e aqueles que conseguem aprender com os erros dos outros, fizerem a sua parte: - alertar, ensinar, denunciar, exercer sua cidadania de modo integral. E essa denúncia precisa ser feita na tela da TV: - é onde a maioria dos futuros compradores busca informação.
Dos que sonham com sua casa própria, exige-se que tenham bom senso: - não coloquem o chapéu tão alto, que depois não possam pegá-lo de volta...
Quanto aos "empresários" da Construção Civil, se não tiverem compradores para seus imóveis superfaturados, serão forçados a baixar os preços: - é a antiga lei do mercado, oferta e procura.
Resta só uma dúvida: - do lado de "quem" está o Governo Federal?

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