quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

RUIM COM ELE...

Antes do início da Guerra no Iraque, há cerca de 10 anos, os Líderes Mundiais, aliados
à intervenção militar, solicitaram relatórios aos especialistas em Oriente Médio.
Queriam prognósticos, análises, previsões sobre as possíveis consequências que uma
Guerra de tão grandes proporções poderia trazer.
O que esses relatórios disseram não foi nada animador: - os mais eminentes conhecedores
da índole e do modo de viver dos povos árabes, alertavam que a Guerra poderia não ser
uma ideia tão boa assim; o que eles disseram foi: - "ruim com ele (Sadam), pior sem ele".
É que eles já anteviam as disputas pelo Poder. Tendo em vista que os "oprimidos" só
conheciam a ditadura com mão de ferro (como modo de governar), assim que "libertos"
da tirania de Sadam Hussein, eles iriam buscar vingança e fariam qualquer coisa para,
tão somente, assumir o trono deixado vago com a morte de Sadam.
Tudo o que desejavam era implantar um outro regime em nome da religião, e governar
com mão de ferro. Até agora o Iraque não foi democratizado, muito menos pacificado.
A julgar pelas notícias mais recentes, parece que a Síria caminha pela mesma trilha do Iraque.
A guerra civil naquele País, que já dura mais de dois anos, destruiu a vida da população. 
A situação fugiu ao controle, seja pelas forças do Ditador, seja pela ação dos grupos armados
denominados "rebeldes", muitos dos quais se escondem atrás da "religião", para justificar a
violência e a mortandade entre civis. Querem o Poder, a qualquer custo.
A população vive em situação de extrema pobreza há muitas décadas, e com o agravamento
das revoltas, sofre ainda mais com a matança generalizada, os bombardeios e atentados
vindos de qualquer direção. Precisam estar sempre em fuga - para qualquer lugar. 
É sintomático que os grupos de oposição, os reacionários, têm armamentos modernos 
potentes (não se sabe exatamente quem paga por essas armas). Mas eles não têm uma fala
comum e não expressam uma oposição nacional unida e coerente.  
Em muitos momentos, parece que seu objetivo é simplesmente manter o caos.
O Ditador Bashar al-Assad afirma que há terroristas infiltrados entre os manifestantes.
Ainda assim, ele decretou o fim parcial do estado de sítio (que já durava mais de 40 anos) 
e acenou com reformas, incluídas aí as eleições parlamentares. 
O povo sírio está com sérias dúvidas sobre essas "promessas" e se mantém com um pé atrás.
Curiosamente, mesmo tendo governado o povo com mão de ferro, por tantos anos, o Ditador
Assad, nunca deixou de frequentar as Cortes dos Donos do Mundo. 
Ele posou de "gente boa" ao lado dos Governantes das Nações mais poderosas, durante
muito tempo. A população de seu País foi oprimida em todos esses anos, mas nunca ninguém 
se importou - eles sofriam calados.
Com as insurgências da Primavera Árabe que começaram em 2010 na Tunísia, parece que os
cidadãos sírios acordaram, criaram coragem e foram às ruas manifestar seu profundo
descontentamento com as ações repressoras da Dinastia Assad.
Agora, passados mais de 2 anos de enfrentamentos dos vários Grupos sectários que são
contrários às tropas de segurança do Ditador, além da presença de "soldados" da Al Qaeda,
os especialistas afirmam que as condições de vida do povo só pioraram: - há deliberada
matança de cristãos, prolifera o uso de armas químicas, já se contabilizam mais de 130 mil
mortos e cerca de 2 milhões de pessoas já fugiram do País.
As armas químicas estão sendo retiradas do País por iniciativa da ONU, que aceitou 
oferecimento de algumas Nações "isentas", que irão se encarregar de destruí-las.
Contudo o processo é longo e não há garantia de que todo o arsenal do Governo seja, de fato,
entregue para destruição.
A luta entre as novas forças políticas pode ser cruel, mas é inevitável para que o equilíbrio 
seja estabelecido. É que os hábitos de ditadura ficam arraigados por gerações; respeitar o 
direito do outro é um aprendizado para a vida toda.
Dá para se comparar com o mecanismo de uma gangorra: 
- o equilíbrio, a igualdade entre os desiguais exige muito esforço - e leva tempo!
Assim, esperamos dessas jovens democracias muita paciência e calma.
Qualquer erro poderá abrir espaço para um ditador de ocasião, e todo o esforço e sacrifício 
do povo poderá se perder. Esta, sim, será uma perda irreparável.
Creio que o certo seria dizer: - "ruim com esse ditador da Síria, pior com qualquer outro ditador"!



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