quinta-feira, 24 de abril de 2014

NÃO PROTEGEM AS CRIANÇAS!

Há poucos dias foi divulgada a morte cruel do menino Bernardo, numa pequena cidade do Rio Grande do Sul. A comoção geral é muito justa, pois a violência contra um menino bom, motivada pela maldade e a ganância humanas chocam mesmo.
As declarações e os fatos atestam que o menino (12 anos) era uma ótima pessoa, morava numa casa linda e pertencia à uma família rica, tendo um pai influente (Diretor médico do Hospital da  Cidade), e recebia todas as vantagens que o dinheiro pode garantir.
A imprensa explora o tema o tanto tempo quanto for possível - é um assunto que "vende" bem.
Mas algumas declarações de grande consternação soaram falsas: - tratava-se de pessoas que, à frente de um microfone ou uma câmera de TV, pretenderam parecer piedosas e sensíveis. 
Pense comigo:
- uma vizinha, em certo dia, viu a madrasta correndo com uma vassoura para bater no menino, mas achou que era uma simples brincadeira (será que ela só viu essa cena uma única vez?); 
- os outros vizinhos, quando percebiam que o menino estava do lado de fora da casa, sem poder entrar, (porque a madrasta só abria a porta quando o pai dele chegava), não achavam estranho?
- os "Conselheiros tutelares" fizeram declarações reconhecendo que o Bernardo era uma criança infeliz, mas eles não podiam fazer nada...
- as professoras da Escola, onde ela era "uma criança tão amável e especial", percebiam que ele
era solitário e abandonado pelo pai, mas ninguém ousou denunciar esse abandono; será que a 
posição social do pai, que pertencia à alta classe da cidadezinha e tinha boas relações foi um empecilho para uma denúncia?
- a avó materna havia pedido a guarda do menino, com todos as providências e provas legais, mas foi ignorada pela Justiça, muito embora ela tivesse sido proibida, pelo pai do menino, a ter contato com o neto, logo após a morte também trágica de sua mãe; a Autoridade Judicial entendeu que o pai não podia ser uma pessoa tão perversa assim - afinal ele pertencia à classe A...; julgaram, segundo suas convicções, que o menino devia estar fantasiando, como é comum nas crianças... 
É importante lembrar que essa avó havia perdido a própria filha (mãe de Bernardo) quatro anos atrás, em circunstâncias cruéis, e mesmo assim não mereceu nenhuma consideração por parte do Magistrado de Plantão (numa cidade pequena, é provável que Juiz e médico frequentassem o mesmo Country Club nos finais de semana...).
- a Promotora de Justiça e o próprio Juiz aos quais o menino havia pedido socorro (pessoalmente), pouco tempo antes de sua trágica morte, não deram ouvido ao seu grito de socorro; agora, eles "lamentam muito o que aconteceu, mas só fizeram o que o Estatuto da criança e do adolescente determinam": - fazer o possível para que a "família se entenda" e todos vivam felizes para sempre...
Embora o menino desse sinais claros de que corria perigo, "ninguém" correu em seu auxílio: - todos se omitiram - todos são responsáveis por sua morte, de uma forma indireta.
É que no caso de famílias ricas, ainda que não mantenham vínculos familiares de verdade, o saber
popular diz que a criança "tem tudo" - não precisa da assistência do Estado; ignora-se a criança como  pessoa, seus sentimentos, seu bem-estar emocional, e a atenção do Estado é concentrada para os casos de menores pobres e carentes, fruto, em geral, de famílias marginalizadas.
Há vários outros "Bernardos" em nossa vizinhança; alguns assassinados precocemente, outros vítimas de abusos sexuais (até de familiares próximos), outros abandonados em casa e apartamentos de luxo, nas mãos de babás e empregados domésticos, porque seus pais "não têm tempo" para ficar com eles, acompanhar seu desenvolvimento, suas amizades, seus afazeres cotidianos.
Aqui no Brasil, o Estatuto da criança e do adolescente tem sido administrado, no mais das vezes, com foco nas crianças pobres - carentes de bens materiais. Quando ocorre uma denúncia nesta população, correm para lá os conselheiros tutelares, e pouco fazem no sentido de aliviar o sofrimento da criança-vítima; apenas cumprem o que o Estatuto determina e lavam as mãos. 
Muitos desses "conselheiros" já estão no terceiro ou quarto "casamento" e pouco sabem a respeito do valor de uma família saudável e amorosa (sabe-se que os conselheiros tutelares são indicados por filiação político-partidária, e não, necessariamente por seu currículo).
Esse mesmo Estatuto é freqüentemente motivo de leniência no trato com os menores infratores - em geral, bandidos em formação, às custas do Estado; ele trata esses menores como "jovens em formação", mesmo sabendo que esses delinquentes já exercem sua maioridade e independência, quando se trata de constituir família e escolher a carreira do crime. 
No caso da adoção de crianças infelizes, abandonadas pelos pais de sangue, mesmo quando há tantas famílias "de verdade" que se dispõem a assumi-las para uma vida feliz, com carinho e conforto, esse mesmo Estatuto determina que a criança "deve ficar com a própria família de sangue". 
É o caso de se perguntar: -"quê família?" - pois sabe-se que, na maioria dos casos, pai e mãe vivem nas ruas, numa subvida de dependência às drogas e ao crime.
Não creio que esse Estatuto da criança e do adolescente tenha nascido de mentes mal intencionadas: - certamente deviam ter em mente a proteção real das crianças desprotegidas.  
Mas sua interpretação precisa ser revista, analisada por profissionais de competência comprovada. Talvez seja necessário até escrever de modo mais abrangente (ou restritivo) a maioria dos artigos e cláusulas: - a sociedade tem passado por profundas alterações; a família já não tem o lugar de destaque que ocupava até pouco tempo atrás - a criança verdadeiramente "abandonada e desprotegida" pode estar na casa ao lado - seja seu bairro de classe média, alta ou baixa !
Crianças não pedem para nascer - mas todas têm direito à uma vida feliz e completa.
Esta é a hora da cidadania para cada um de nós: é tempo de olhar e ver - perceber - usar o bom senso - defender a vida - e cobrar das Autoridades Responsáveis ações imediatas, que impeçam a perda de outros "Bernardos"!

terça-feira, 15 de abril de 2014

DEFESA DE LUXO

O Sr. José Dirceu, condenado pelos crimes cometidos no caso Mensalão, recebeu
tratamento menos rigoroso que os réus que não são políticos, como o Sr.Marcos
Valério (seus sócios) e os Diretores do Banco Rural de Belo Horizonte, por exemplo. 
As penas são não equânimes, pois está fartamente demonstrado que o acusado, além
de Chefe da Casa Civil do Governo Lula, era Líder do PT e dirigia tudo com mão de
ferro - ele era o Comandante e sabia de tudo. 
Mas isso "já era" - as penas já foram definidas. O que incomoda é que esse prisioneiro,
(tão importante para a Presidência da República), não se aquieta para cumprir sua pena.
Na semana passada ele solicitou, ao Juiz Competente, permissão para "viajar" a fim de
passar os feriados de Pascoa com a família, que mora fora de Brasília (sede da prisão).
O pedido foi negado, por não se enquadrar nas normas de execução penal, mas o
Sr.Procurador da  República chamou a questão para si, e mandou um parecer (favorável
ao pedido), para as mãos do Ministro Presidente do STF - o Ministro Joaquim Barbosa.
Agora a "batata quente" voltou para as mãos do nosso Batman: - mais uma vez ele terá 
de deixar de lado todos os demais Processos que estão à espera de Julgamento, para 
conceder (ou não) mais essa regalia a um preso condenado justamente. 
Não sou técnica na área do Direito, mas sempre pensei que a Procuradoria da República
tivesse a função de defender a Nação, representada por seu povo, seu território e bens,
a ordem geral e o cumprimento de suas Leis.
Neste caso dos condenados petistas, parece que a defesa dos condenados nunca termina,
e a cada oportunidade abre-se uma nova "janela" para aliviar suas penas.
O que torna o fato grave, é que essa defesa está sendo feita por um Órgão Federal, que
deveria tratar de assuntos de maior prioridade e relevância para a Nação Brasileira.
É lamentável que o Governo, depois que o Julgamento do Mensalão abriu as entranhas
de corrupção no seu Partido, não tenha tido a coragem de riscar esses personagens de 
sua agenda - eles ainda estão no centro das discussões.
Gasta-se tempo e recursos preciosos para cuidar de seu "conforto pessoal".

O povo brasileiro quer um "jeito de fazer política" diferente. 
Ainda que não se possa evitar os "favorecimentos" aos mais chegados (como ocorre 
em quase todos os Governos do mundo), o Brasil continua a ser uma Democracia.
Lá nos tempos da Grécia antiga, a Democracia foi idealizada como uma forma de 
governar "indistintamente para o povo e pelo povo".
Quando um candidato é eleito para o cargo maior do nosso País, precisa abandonar as
questões particulares do Partido que o elegeu. Seu compromisso, seu trabalho árduo,
sua atenção, devem ser a favor de todos os brasileiros - e há tanto a fazer... 

quinta-feira, 10 de abril de 2014

OS POLÍTICOS E SUAS DINASTIAS

Infelizmente, mais uma denúncia de abuso de "poder" está sendo revelada no caso
do Deputado Federal André Vargas (PT-PR).
Poucos meses atrás, o Deputado foi flagrado ao viajar num jatinho particular, saindo
(com familiares e amigos) de Londrina (PR) para a cidade de João Pessoa (PB), 
possivelmente às custas de um doleiro chamado Alberto Youssef. 
Ele tentou justificar a opção pelo jatinho, dizendo que sairia mais barato do que
comprar as passagens num voo comercial, mas não convenceu: - a Controladoria 
Geral da União, bem como a Polícia Federal estão cobrando explicações.
Além dessa denúncia, também se investiga ligações do Deputado com o doleiro numa
"empresa" que remetia fundos ilegalmente para o exterior ; as informações dizem que
já se comprovou uma remessa ilegal de US$37 milhões ao exterior.
A Polícia está de posse de uma escuta telefônica do Deputado para o doleiro, na qual
ele pergunta "por que ainda não foi enviado o dinheiro para seu irmão", que reside no
exterior.
Acontece que não há justificativa plausível, e o Deputado, pressionado, está tentando
renunciar ao mandato, a fim de garantir sua elegibilidade futuramente.

Se este fosse um caso único, não seria motivo de grandes preocupações: - em algum
momento, esse Parlamentar terá que ajustar contas com a Justiça.
Mas sabemos que esse hábito de usar o cargo público para levar vantagens pessoais
já virou regra no meio Político, com raras excessões.
Ainda é recente a denúncia de um comportamento semelhante por parte do presidente
do Senado da República; só que ele preferiu usar um jato da Marinha, também para
comparecer a um compromisso particular, levando amigos e familiares.
Em geral, os candidatos depois de eleitos, não têm escrúpulos em empregar toda a
família e os amigos, em cargos públicos, que lhes garante acesso à máquina pública.
Depois que estão inseridos no "sistema", rapidamente fazem carreira e logo estão,
eles próprios a disputar cargos eletivos. 
Mesmo os parentes que têm o privilégio de residir no exterior, como parece ser o
caso em questão, podem ser beneficiados com "vantagens" proibidas ao cidadão
comum.
Faltam menos de 6 meses para as eleições majoritárias e a maioria dos cidadãos
brasileiros espera alguma mudança "para melhor" nesse cenário.
É a nossa vez de observar cuidadosamente a vida pregressa e o sobrenome de cada
candidato; verificar possíveis ligações com Políticos "centenários" ou empresários 
(legais ou não) que detém poder econômico. 
Não podemos continuar a eleger esses familiares das "dinastias" da Política.
Um candidato independente, sem vínculos familiares importantes, pode ser uma
opção melhor do que continuar com essa troca de cadeiras que vemos a cada eleição.
Em outubro próximo, através do voto de cada brasileiro, será possível mudar, de modo
significativo (ainda que gradual) esse "modelo de fazer política" que se estabeleceu 
em nosso País. 
Tenho consciência de que o leitor destes meus textos, sabe exatamente como deve votar.
Mas além de votar de modo consciente, precisamos exercer nosso papel de cidadania,
conversando com as pessoas menos esclarecidas, mostrando a elas os desvios da 
realidade atual e a realidade "possível", se cada brasileiro votar corretamente.
Afinal, pelo menos por enquanto, são os eleitores das classes C e D que determinam o 
resultado das eleições.




domingo, 6 de abril de 2014

UM BRASILEIRO IMPERDÍVEL????

A notícia da morte do ator José Wilker, de tão badalada pela mídia global, trouxe de
novo a ideia dos "heróis" - aquelas pessoas perfeitas e insubstituíveis, que nunca
deveriam morrer... Será?
Nada contra o ator (pessoalmente), mas também nada a favor.
A "louvação" que a mídia global está fazendo, transformou o falecido em Herói. 
Até a presidente Dilma encontrou tempo para se preocupar e mandar condolências .
Mas ele foi herói do que? De fato, foi um ator profissional que tinha as qualidades 
necessárias para exercer sua profissão - nada além disso. 
Talvez ele tenha ficado mais famoso que tantos outros, porque preferiu interpretar
personagens de mau caráter: - foi o adúltero que dormia com a mulher de outro,
foi um matador, foi um homem machão; nenhum deles pode ser usado como
exemplo de vida para alguma criança.
Um de seus companheiros de profissão disse que ele fazia tudo nos extremos:
- fumava demais, bebia demais, e sabe- se mais o que...  
A classe "artística", quando entrevistada, diz que ele foi leal, generoso, bem
humorado, um grande companheiro.
Será mesmo possível falar-se em "lealdade" nesse mundo das celebridades? 
Talvez suas 3 primeiras esposas não tenham visto lealdade alguma, quando ele as
abandonou, junto com seus filhos...
Seu mundo era muito restrito:- vivia com seus colegas (concorrentes) e seu público.
Não se tem notícia de nenhuma ação relevante que, como cidadão tenha realizado
para o Brasil. Também não se sabe de nenhum trabalho voluntário pelos pobres
infelizes que o idolatravam através das novelas picantes, nenhuma doação para uma
grande causa humanitária - ele foi "apenas um ator de novelas" - nada além disso.
Sentir que sua morte foi prematura - isso posso sentir. Mais ainda por saber que ele
próprio abreviou sua vida pelo uso abusivo do cigarro e do alcool.
A meu ver foi mais uma vítima da vaidade e da vida fútil. Isso, sim, é lamentável.
Mas dizer que sua morte é uma perda irreparável, já é demais.
Muitos outros brasileiros anônimos morrem a cada hora, e nunca sequer são citados 
nas manchetes de telejornal, nem recebem uma carta da Presidente...
Ser indispensável, insubstituível - ser herói - exige muito mais do que aparecer nas 
cenas de uma telenovela ou de um filme qualquer.
É preciso muito cuidado com esse "endeusar" das personalidades-personagens da 
TV: - tratá-los como heróis, só porque morreram, é pura hipocrisia.