sexta-feira, 26 de outubro de 2012

MENDIGOS E CÃES


Dias atrás, estava numa lanchonete de um parque de Curitiba  ,saboreando um delicioso caldinho de feijão.  Havia  várias outras  famílias e pessoas no local e todos estávamos conversando e aproveitando o momento.
Subitamente, ouvimos um grito forte de alguém ordenando a um pedinte que saísse imediatamente do local .  Todos que estávamos ali entendemos  imediatamente  que  aquele tal pedinte  era um  “visitante habitual” da lanchonete, pois ele implorou ao proprietário que não chamasse a polícia do parque . O proprietário, muito  exaltado, afirmou que não chamaria a polícia – ele mesmo era capaz de colocar o  pedinte indesejado para fora, caso necessário!   O que nos causou estranheza, foi o tom de voz e as palavras pronunciadas contra o pedinte intruso – eram muito ásperos!  O pedinte, vencido,  desistiu e foi embora .
Passados os primeiros minutos, a princípio senti um desconforto e depois fiz uma triste constatação :  se aquele pedinte fosse um cachorro sem dono ( atrás de comida), o  dono do estabelecimento jamais poderia ter falado com ele naquele tom – os clientes sentados às mesas teriam reagido e protestado em defesa do animal –afinal, existe lei para punir severamente os que maltratam  os animais !  
A minha conclusão foi desoladora: seres humanos (pedintes, mendigos, indesejados) podem ser maltratados pelo fato de estarem em um lugar onde causam constrangimento a pessoas de nível diferente. É claro que me incluo no grupo de pessoas que não queriam aquele pedinte ali – também parece óbvio que o proprietário da lanchonete já não suportava mais ver aquele indesejável ali (provavelmente um “habitueè”) .  Mas  temos o direito, diante de Deus, de tratar tão mal uma pessoa desgraçadamente miserável em todos os sentidos?  Parece estar acontecendo  uma inversão de valores  tão perversa  e parece que quase nada posso fazer -  pessoas “valem menos” que animais – estes  estão muito bem protegidos pelas leis e por pessoas “muito humanas, caridosas e bondosas”!!           É isso mesmo?



































































ASSESSORES  E  CARRÕES                                         FLORIPA SET/2012

     Ao passar  pelas ruas da cidade, algumas  questões  me  tiram a tranquilidade   -  por isso resolvi colocá-las  no papel ( virtual)  e ver o que acontece .
 1ª QUESTÃO  -  ao passar pelos estacionamentos dos  Órgãos  Governamentais, tipo  Assembleia  Legislativa, Tribunais,  etc,  a gente percebe que estão superlotados  de “carrões” – sempre novos !  São muitos carros ,  sempre dos últimos lançamentos da indústria  automobilística !  Muito raramente  pode-se ver algum carrinho do tipo  popular!   O problema é que são esses mesmos  proprietários dos carrões  que  “sugerem”  melhorias  na legislação aos  que são eleitos para “fazer leis” e administrar   nossas  vidas  de simples “eleitores”!!
A verdade é que para eles não há crise ! Seus salários estão garantidos – tanto no que se refere à  pontualidade, como aos reajustes e abonos “legais” e “merecidos”!!
Senão, como poderiam ter um padrão de vida tão elevado, tão diferente  do restante da população ?  Não são só os carrões – observem  as bolsas de griffe,  os  restaurantes frequentados, os condomínios de luxo onde residem, as constantes viagens ao exterior ( voltando com muitas malas cheias), etc,etc.

2ª QUESTÃO  -  Por quê  vereadores e deputados ( até altos assessores) precisam de motorista  e carro do governo ?  O  quê  os qualifica (ou desqualifica) para comprar e  dirigir  seus  próprios  carros ?   Trata-se de questão de segurança ? Do que eles têm medo ?  Paira alguma ameaça sobre eles , de modo geral ?    Ainda mais,  qual é a necessidade  real  para se  renovar a frota de tais veículos   anualmente ?  A quem interessa ???    Talvez  a carreira política seja mesmo a mais interessante para nossos filhos e netos – se  for possível  deixar de lado a preocupação   com as  questões  da ética e da moralidade – em  muitos casos podemos ficar decepcionados !





3ª QUESTÃO -   Um político “profissional”, não reeleito,  está qualificado para ser Assessor  ou  Consultor  de uma  grande  Empresa ( ou Holding) ?  Parece muito “estranho”,  quase sugere uma barganha,  quando se vê  esses cidadãos  sendo  “premiados” com um  cargo de confiança na Administração Pública ou Privada, quando perdem uma eleição !   Creio que uma “Lei de Não Reeleger Ninguém” poderia resolver em parte esse problema – para mim é um problema : o salário desses caras  sai do meu bolso !  Talvez  assim  acabasse a carreira de político “profissional” – funciona assim nos países  do 1º mundo : -  quando a pessoa não consegue se reeleger,  volta ao seu trabalho anterior e pronto !                               Estou ciente de que não vivemos num mundo ideal, mas seria pedir muito que nossa folha de pagamentos de funcionários públicos  ficasse menor ?   Além da diminuição da carga tributária, não sobraria mais para gastar ( investir) no que de fato importa para o povo ? Quem aposta comigo nesta ideia ?

domingo, 21 de outubro de 2012

COLABORADORES??


Em todo o tempo da minha carreira profissional,  ouvi e usei a palavra “empregado” quando  se referia a pessoa que trabalhava por um salário mensal, tinha um “emprego” – achava bem adequado – ainda acho!
Agora, alguns teóricos que parece não ter coisa útil para fazer, “criaram” a expressão “colaboradores”. O que isso significa de verdade? No senso comum, colaborador é aquela pessoa que colabora, ajuda, auxilia -  nesse caso, não espera remuneração – um simples “muito obrigado” é suficiente! Também não fica “colaborando” pelo resto da vida, até se aposentar – ajuda por um tempo e depois vai para outra atividade.
Não me convence a retórica – morfologia da expressão, coisas desse tipo -  “colaborador” é uma palavra “assimilada”  como auxiliador, ajudador – é assim que todos nós, não linguistas, entendemos. Qual é o problema de se chamar de empregado?  A pessoa não quer o emprego? Não precisamos todos nós de um bom emprego?   Não é isso que os pais  querem para seus filhos?
 Para o pessoal que cuida da área que envolve “pessoas” nas empresas, posso garantir  que os empregados não se ofendem com essa expressão – eles sabem que são empregados – sabem que precisam do emprego!  O que ofende mesmo, de verdade, é o salário não condizente, é o tratamento sem equidade, é a falta de respeito pelo ser humano que está  atrás  do “colaborador”! Palavras, títulos, etiquetas  só são necessárias  para os  políticos e funcionários  públicos  - refletem o grau de poder!  Para o trabalhador comum, simples mortal, ter o título de “colaborador” pode ser até  um insulto!!!

AULAS DE CRIME NA TV ??


Observando os noticiários na TV, as manchetes sobre crimes e violência  sempre prendem nossa  atenção    são  crimes sangrentos, “feitos por profissionais” (segundo dizem os próprios agentes da lei), revelam trabalho de planejamento, estratégias,  distribuição de tarefas – enfim “são uma aula de administração de um “bom negócio”! Se não fossem criminosos, até gostaríamos de aplaudi-los – talvez  votar neles para algum cargo público! 

O que pouca gente vê é que as reportagens  estão dando ”aula de crime” na TV – ensinam tudo – todos os detalhes – até  a estratégia, as técnicas usadas , os endereços onde conseguem os equipamentos (armas), o resultado alcançado  pelo bando - (quase sempre bom). Não é difícil imaginar a meninada tendo essas lições na telinha, todos os dias, em qualquer horário – qual  será a tendência de suas atitudes futuras? No caso do Brasil, com tantas famílias desestruturadas, com tanta pobreza (de tudo!), com tanta ausência de bons exemplos (até dos parentes), as “aulas de crime” podem sugerir à meninada um futuro promissor – mais rápido, mais fácil – basta ter coragem!

Também temos aulas de “mau-caratismo” nas novelas. Como são bem “maquiados” os vilões da novela! Fazem e acontecem por um período longo, sempre tramando e agindo de modo a prejudicar a vida dos protagonistas “gente do bem”! Claro que essa gente do bem também “pisa na bola” nas questões de fidelidade no casamento, obediência aos pais, responsabilidade pessoal (esses personagens  nunca aparecem trabalhando!!!) – Parece que, para eles, há uma fonte inesgotável  de dinheiro – não refletem a vida real dos pobres mortais que os assistem todos os dias na TV!  – Mas ditam comportamentos, ditam moda  e, lamentavelmente, “dão aulas de vida” às nossa crianças e jovens”!
São mencionados à toda hora nos noticiários e nas chamadas da própria emissora –  são incentivados a interagir com os telespectadores nas ruas – “sempre são muito bem tratados pelo público”!!!

Para exercer nosso papel de cidadãos de verdade, todos queremos (e precisamos) saber o que está acontecendo em nossa cidade, em nosso país. O jornalismo livre é parte importante da democracia – suas denuncias já nos livraram de muitos “bandidos profissionais” da vida pública!  Mas será que é  necessário mesmo  dar o mapa da mina, como estão fazendo ? Estão, de fato,  promovendo a educação de nossas crianças, como sempre apregoam e cobram dos políticos?  Afinal, o poder do seu alcance é inacessível a qualquer cidadão comum:  – eles  “entram” em todas as casas, a qualquer dia e hora! Sempre é  tempo  para que  os pais e mães(avós)  tomem  uma atitude de usar o botão certo do controle remoto da TV !  Dá para mudar de canal! 

Dá para “escolher” outra programação! E pasmem, “dá para desligar”!!!!! Dá para voltar (ou iniciar) ao hábito de juntar a família para bater um bom papo, fazer uma comida a 5,8 mãos, fazer aquela faxina em todos os aposentos ( todos cooperando) – é certo que o resultado será muito bom – talvez surpreenda – talvez queiram repetir !!

E que tal se as redes de TV aberta investissem em conteúdos interessantes, mas de natureza não criminosa? Será que não acontecem coisas boas e notáveis ao nosso redor ? Não há heróis do bem? Não se pode fazer uma novela que reflita a vida de uma família formada só por “gente do bem”? 

Precisamos de um noticiário que relate os fatos como acontecem, mas que não dê realce aos crimes, aos comportamentos que fazem tanta gente sofrer,  aos conceitos  gestados em mentes de pessoas com vidas totalmente destruídas pelos vícios, pela desonestidade, pela ausência de valores permanentes – vidas que logo se tornam morte!